Pesquisadores unem psicologia e bioquímica para tratar vícios

Relacionando conceitos da bioquímica e psicologia, os pesquisadores estão chegando à conclusão de que todos têm diferentes níveis de dependência, sejam materiais ou emocionais


Uma nova forma de encarar as dependências humanas, baseada na junção de conhecimentos da psicologia junguiana, psicossomática e homeopatia, está crescendo entre os profissionais de saúde. A intenção é tratar os diferentes vícios – legais ou ilícitos – de acordo com uma visão integral do indivíduos. No rol das dependências passíveis de tratamento estão a compulsão pela compra, comida, trabalho, jogos, sexo, amor e todos os tipos de drogas.
Relacionando conceitos da bioquímica e psicologia, os pesquisadores estão chegando à conclusão de que todos têm diferentes níveis de dependência, sejam materiais ou emocionais. Um jogador compulsivo, por exemplo, aposta muito dinheiro, às vezes até o que não tem, para obter a sensação de estar apostando. As grandes ou pequenas quantias envolvidas praticamente não têm nenhum significado para o apostador.
Isto ocorre, explicam os especialistas, porque ele se vicia na emoção vivida durante o ato da aposta, que chega ao cérebro através de uma informação bioquímica. “A mente da pessoa acaba se viciando em reviver esta emoção, em receber este estímulo bioquímico. Quando isto ocorre toda a mente trabalha no sentido de repetir esta ação o maior número de vezes possível”, explica o psicólogo paulista Waldemar Magaldi, especialista em psicologia junguiana, psicossomática e homeopatia, além de doutor em ciências da religião.
O psicólogo explica que este mecanismo de vício baseado na bioquímica das emoções, pode ser percebido em praticamente todas as atividades humanas. Há pessoas viciadas em trabalho, moda, religião, compras, exercícios físicos, estudo, relacionamentos, comida e dentre outras. Apesar de alguns serem vistos com bons olhos pela sociedade, como os compulsivos pelo trabalho, este comportamento sempre traz prejuízos à saúde do viciado e suas relações pessoais.
“O problema se torna claro quando a pessoa começa a perder autonomia sobre a própria vida e o seu vício vira o centro de tudo. Aí ele e a família começam a sofrer”, destaca Magaldi. No entanto, não se pode desprezar os danos à saúde provocados pelo uso de substâncias psicoativas como o álcool, anti-depressivos, cocaína, crack, ecstasy e outras drogas ilícitas ou não.
Para capacitar médicos, psicólogos e demais profissionais de saúde sobre o tratamento contra a dependência, o Instituto Junguiano da Bahia (IJBA) vai promover em março de 2008, um curso de dois anos. Os responsáveis pelo conteúdo e as aulas serão Waldemar Magaldi e sua esposa, a filosofa Simone Magaldi. Enquanto ele se concentra nas questões bioquímicas e psicoafetivas envolvidas, ela aborda os aspectos religiosos, sociais, filosóficos e educacionais.
“É preciso ter muita paciência e tranqüilidade. Intervenções bruscas não funcionam, pois é sempre uma ação individualizada que fará a pessoas refletirem sobre a doença”, destacou Waldemar.

Fonte: Correio da Bahia 
Seção: Aqui Salvador
Data: 03/12/2007
Estado: BA 

0 comentários: